sexta-feira, 28 de novembro de 2014

COMO TRAUMATIZAR UMA CRIANÇA FACILMENTE





Boi da cara preta  

“Boi, boi, boi 

Boi da cara preta 
Pega essa menina 
Que tem medo de careta” 

Como pode uma criança dormir um sono leve e tranqüilo com uma música dessas? Coitado do boi gente! E imaginem a cara de pavor dessa menina...


Nana, neném 


“Nana, neném 

Que a cuca vem pegar
Papai foi na roça
Mamãe foi trabalhar” 

Já não basta o fato dos pais não estarem em casa pra proteger a criança, ainda aparece a Cuca pra pegá-la? O que mais poderia acontecer?


Bicho Papão 


“Bicho Papão sai de cima do telhado 

Deixa esse menino dormir sossegado” 

Como dormir sossegado sabendo que em cima do telhado tem um bicho papão??? Alguém me explica, por favor!


Atirei o pau no gato 


“Atirei o pau no gato-to-to 

Mas o gato-to-to não morreu-reu-reu 
Dona Chica-ca-ca admirou-se-se 
Do berrô, do berrô que o gato deu 
Miaaau!” 

Só pelo nome da música você já sente o teor de violência né? E essa Dona Chica então? Quanto sadismo!


Eu sou pobre, pobre 


“Eu sou pobre, pobre, pobre, 

De marré, marré, marré. 
Eu sou pobre, pobre, pobre, 
De marré de si. 
Eu sou rica, rica, rica, 
De marré, marré, marré. 
Eu sou rica, rica, rica, 
De marré de si.” 

Essa canção então é praticamente uma ode à desigualdade social! Logo me vem à cabeça minha vizinha rica jogando videogame e eu, pobre, jogando saquinhos de arroz que minha mãe fazia pra mim.


A canoa virou 


“A canoa virou, 

Foi deixar ela virar, 
Foi por causa da (nome de pessoa) 
Que não soube remar.” 

Cadê o trabalho em equipe gente? Cadê a troca mútua? E além de dedurarem, ainda condenam o colega!


Samba-lelê 


“Samba-lelê tá doente, 

 Tá com a cabeça quebrada. 
Samba-lelê precisava 
É de umas boas palmadas.
Samba , samba, Samba ô Lelê 
Samba , samba, Samba ô Lalá”


Coitado desse Samba-lelê! Com a saúde debilitada, necessitando de cuidados médicos, e ao invés de compaixão, a música diz que ele precisa é de umas boas palmadas. Sem contar que depois disso tudo, ainda querem que ele sambe!

Depois de uma frustrante busca por uma canção infantil do folclore brasileiro que fosse positiva e de uma longa reflexão, eu descobri que se eu quiser cantar alguma canção de ninar para meus alunos eu devo inventar uma, pois se depender de nosso cancioneiro popular, nossas crianças serão cada vez mais traumatizadas!
                                                                                                                                                                                                                                         (Renata Romanini)